História da mineração Bitcoin

Como a mineração Bitcoin é análoga ao ouro, vamos supor que você more ao lado de uma área sem dono de 100 mil metros quadrados, em que você descobre que lá existe ouro. No outro dia você chega de manhã com uma pá e começa a procurar, cavar e peneirar 50g de ouro do chão a cada 10 min.

Primeira geração: Esse é o Bitcoin de janeiro 2009, quando Satoshi Nakamoto, minera seus primeiros bitcoins com um computador de mesa.


Acontece que com o passar do tempo, seu vizinho fica curioso e também percebe que existe ouro naquele terreno e se junta a você no processo de cavar.
Todo o ouro do terreno que for retirado agora é repartido por 2, você e seu vizinho. Você agora demora 20 minutos em média para achar ouro ao invés de 10 minutos, pois algumas vezes seu vizinho acha antes de você e você tem que recomeçar a procura.
A notícia corre e outros vizinhos se juntam para cavar e sua recompensa começa a cair a medida que fica mais difícil e demorado achar ouro.

Você tem uma ideia: 


"Vou comprar uma caixa eclusa!"

Após comprar e começar a utilizá-la você conseguiu aumentar sua produtividade, cavando e achando mais ouro e saindo a frente de todo mundo.

Segunda geração: Este é o Bitcoin no fim de 2010 (outubro), quando começam a minerar usando potentes placas de vídeo (GPU com linguagem OpenCL) ao invés de simples computadores. Embora sendo um grande avanço. As placas não eram muito boas em questão de refrigeração quando eram colocadas várias juntas e faziam cálculos que não eram necessários para o processo de mineração bitcoin.


Como seus concorrentes não são cegos, logo eles compram caixas eclusas também e tudo volta a ser como antes...

Mas você não desiste e tem outra ideia:

"Vou chamar irmãos, amigos e primos para ajudar, vamos formar um grupo e dividimos o que acharmos."

A idéia é um sucesso e vocês saem a frente de todos e dominam a mineração das terras.

Esse é o Bitcoin de 2010-2011, quando surgem os primeiros grupos de mineração (em inglês mining pools).

Os outros mineradores são obrigados a mudar de estratégia, logo dezenas de mineradores independentes formam alguns grupos com alta produtividade cada um com seu nome e 'bandeira'. Novamente tudo volta a ser como antes.


Você pensa novamente e tem outra idéia:

"Caixas eclusas são coisas do passado! Vamos comprar um Trommel e nosso grupo de mineração vai se tornar o maior e mais rico!"

Terceira geração: Esse é o Bitcoin de Junho de 2011 quando começam a usar FPGA (field-programmable gate array) para montar hardware de mineração. FPGA eram mais eficientes para a função, mais fácil de refrigerar. Podiam ser colocadas várias no mesmo lugar mas os custos eram muito altos, por isso foi usada por pouco tempo: 


Logo em 2012 surgem as primeiras máquinas de mineração dedicadas ao bitcoin (ASICS), muito superiores a tudo que existia antes. Com o passar do tempo existem evoluções dessas máquinas que se tornaram cada vez mais poderosas e eficientes!


A luta continua, com o passar do tempo, 4 anos depois para ser exato, metade do ouro, 25 g a cada 10 minutos, começa a ser achado ao invés de 50g a cada 10 minutos. Os mineradores tem que evoluir ainda mais suas máquinas e reduzir o consumo de energia e combustível de seus equipamentos.

Nesse momento alguns mineradores já faliram por falta de eficiência, alto custo, ou por que a demanda por ouro caiu fazendo o preço no mercado mundial baixar e a mineração se tornou mais custosa que lucrativa.


Você novamente com seu espirito empreendedor pensa:

"Meus custos de mineração não são tão altos assim pois eu consigo energia e combustível barato do fornecedor e esse é um dos maiores custos da mineração, eu poderia construir ou comprar mais equipamentos e alugá-los aos outros mineradores!"

Assim surge as primeiras empresas de mineração profissional e mineração em nuvem (cloud mining) por volta de 2013/2014 (muito lucrativas para os donos e nem sempre lucrativas para seus clientes no caso da mineração em nuvem). Em países onde existem um alto custo de energia como o Brasil muitas pessoas pagam por esse serviço de mineração em outros países ou alugam uma infra-estrutura mais barata. Mais uma vez somos obrigados a importar algo ao invés de produzir. Para criar uma planta de mineração profissional você precisa de: eletricidade barata, internet rápida, um país com clima frio e equipamentos eficientes.



A mineração Bitcoin é um processo caro e utiliza muita energia para ser realizada, mais ainda sim é mais eficiente que um sistema financeiro atual que utiliza muito mais recursos.


Esse é o resumo da história da mineração Bitcoin desde os primórdios. No início o seu computador poderia minerar bitcoins facilmente, mas hoje em dia ele demoraria milhões de anos para conseguir minerar alguma coisa.

Assim como quem chega primeiro a uma mina de ouro acha mais ouro e muitas vezes fica rico, quem minerou bitcoins no início e não gastou, hoje tem uma reserva razoável de dinheiro guardado. No início o bitcoin valia menos de 1 centavo (certa vez uma pessoa vendeu 10 mil bitcoins para comprar 2 pizzas), hoje supera algumas centenas de dólares.

Embora muitos digam que a mineração bitcoin é causa gastos desnecessários, nunca antes uma tecnologia em hardware foi desenvolvida tão rapidamente para um propósito específico e liberada no mercado, e claro, muita evolução em hardware e melhoria na eficiência de chips é esperada por essa corrida do ouro digital.